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'A Separação' é melhor filme de 2012, segundo enquete do 'Valor'





SÃO PAULO - O drama "A Separação", do iraniano Asghar Fahradi, é o destaque de 2012, segundo a enquete sobre cinema promovida pelo Valor. Convidados a escolher os cinco melhores filmes exibidos nas telas brasileiras ao longo deste ano, quatro dos cinco participantes mencionaram o longa, que recebeu, em fevereiro, o Oscar de melhor filme em língua estrangeira.
Além de "A Separação", o único filme a receber mais de um voto na enquete é de outro diretor iraniano: "Um Alguém Apaixonado", de Abbas Kiarostami. A partir daí, impera a diversidade em cada lista, com citações a obras como "A Invenção de Hugo Cabret", do americano Martin Scorsese; o documentário em 3D "Pina", do alemão Wim Wenders, e "Minha Felicidade", do ucraniano Sergei Loznitsa, cuja produção mereceu uma retrospectiva na mais recente edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Dentre os brasileiros, foram lembrados o documentário "Tropicália", do paulista Marcelo Machado, "Era uma Vez Eu, Verônica", de Marcelo Gomes, e "Febre do Rato", de Cláudio Assis, ambos pernambucanos.
Participaram da enquete o fundador e diretor do festival É Tudo Verdade e colunista do Valor Amir Labaki, o crítico Sérgio Rizzo e os jornalistas Bruno Yutaka Saito (editor-assistente de Cultura do Valor), Elaine Guerini e Bruno Ghetti.
Para Rizzo, o que marcou 2012 foi a crise de criatividade na indústria: "Isso é ilustrado pelas continuações e pelas retomadas de personagens que dominaram o circuito e o ranking mundial de bilheteria, de 'The Avengers - Os Vingadores' e 'O Hobbit: Uma Jornada Inesperada' aos novos episódios das franquias James Bond, Batman, Homem-Aranha, 'A Era do Gelo', 'Madagascar', 'Homens de Preto' e 'Amanhecer'".
O ano fica marcado por uma perda, lembra Labaki: a morte do francês Chris Marker, aos 91 anos. Ao lado de Alain Resnais e Agnès Varda, Marker desenvolveu uma obra filiada e contemporânea da nouvelle vague, mas com um enfoque menos cinéfilo e mais próximo da literatura. Marker é diretor de "La Jetée" (1962), curta-metragem de ficção científica composto de fotografias, que inspirou "Os 12 Macacos" (1995), de Terry Gilliam. "De poetas das palavras, como T.S. Eliot e Jean Giraudoux, a poetas da imagem, como Akira Kurosawa e Andrei Tarkovsky, Marker dialogou com os grandes. A noção de fronteiras, artísticas ou geográficas, foi sempre por ele desafiada", escreveu Labaki em sua coluna no "Eu & Fim de Semana".
Ghetti destaca a produção audiovisual de Pernambuco como um dos acontecimentos mais marcantes do ano: "Uma onda de diretores talentosos brilhou nos festivais, com prêmios importantes em Gramado e Brasília". No entanto, o jornalista cita a suspensão do Festival de Paulínia como fato de mais destaque da área neste ano. "Criado há poucos anos, já é um dos festivais mais importantes do país, mas não teve edição em 2012, o que é lastimável", diz.
Já a jornalista Elaine Guerini destaca a aposta de mais cineastas de prestígio no 3D, "legitimando o formato como arte, usando-o como ferramenta dramática". Como exemplos, ela cita, além de Scorsese e seu "A Invenção de Hugo Cabret", Steven Spielgerg com "As Aventuras de Tintim - O Segredo do Licorne", Peter Jackson, com "O Hobbit: Uma jornada inesperada", e Ang Lee, com "As Aventuras de Pi".
Para Saito, o cinema, em crise existencial, deitou no divã. "'Holy Motors' aponta para um momento de encruzilhada, em que a tecnologia emerge como uma Revolução Industrial que deixa a tradição para trás", diz. O jornalista cita também o brasileiro "Era Uma Vez Eu, Verônica", que revela uma sociedade brasileira ainda indecisa quanto ao seu próprio futuro.
Confira abaixo o resultado da enquete.
Amir Labaki, fundador e diretor do É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários (indicações em ordem alfabética)
"A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese
"A Separação", de Asghar Fahradi
"Isto Não É um Filme", de Jafar Panahi
"Looper - Assassinos do Futuro", de Rian Johnson
"Tropicália", de Marcelo Machado
Bruno Ghetti, jornalista e colaborador do "Valor Econômico"
"L'Apollonide - os Amores da Casa de Tolerância", de Bertrand Bonello
"Febre do Rato", de Cláudio Assis
"Minha Felicidade", de Sergei Loznitsa
"As Neves do Kilimanjaro", de Robert Guédiguian
"Um Verão Escaldante", de Philippe Garrel
Bruno Yutaka Saito, editor-assistente de Cultura do "Valor Econômico"
"Um Alguém Apaixonado", de Abbas Kiarostami
"A Separação", de Asghar Fahradi
"O Exercício do Poder", de Pierre Schöller
"Holy Motors", de Leos Carax
"Era uma Vez Eu, Veronica", de Marcelo Gomes
Elaine Guerini, jornalista e colaboradora do "Valor Econômico"
"A Separação", de Asghar Farhadi
"Shame", de Steve McQueen
"Drive", de Nicolas Wind Refn
"Um Alguém Apaixonado", de Abbas Kiarostami
"Argo", de Ben Affleck
Sérgio Rizzo, jornalista, crítico de cinema e doutor pela ECA/USP em Meios e Processos Audiovisuais
"A Separação",de Asghar Fahradi
"Moonrise Kingdom", de Wes Anderson
"No", de Pablo Lorraín
"Precisamos Falar sobre o Kevin", de Lynne Ramsay
"Pina", de Wim Wenders


Fonte: Valor Online



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